sábado, 12 de julho de 2008

BENDITA DOR DE DENTES...



O lume crepitava na lareira
E todos nós sentados em redor
Esperávamos a gostosa ceia
Que minha Mãe fazia com amor.
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Consumida por forte dor de dentes
Tapava o rosto com um xaile de lã,
Evitando assim o calor do lume,
Seguindo os conselhos da Mamã.
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Sentado a meu lado, condoído,
Estava meu noivo que me confortava.
De vez em quando levantava o xaile
E, furtivamente, um beijo me dava.
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E minha Mãe, que estava absorta
Na confecção da saborosa ceia,
De nada se apercebia ou então,
Sabiamente, fingia estar alheia.
.....
Como eram gostosos esses beijos
Trocados escondidos ao calor
Da ardente fogueira crepitante
E incitados por um grande amor.
.....
Não sei se era mais forte aquele calor
Que emanava do lume crepitante,
Ou o prazer daqueles beijos trocados
Fruto de amor e dum desejo ardente.
.....
Só sei que não sentia a dor de dentes
Que tinha passado há muito tempo
Que eu fingia que ainda persistia
Pr'a prolongar aquele doce momento.
......
2008-07-12
......
Adélia Barros

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