A vida é para ser vivida,
Mas nem sempre isso acontece.
Passa-se pela vida
Como gato sobre brasas,
Correndo, fugindo,
Com medo que nos queimemos
Nas labaredas,
Acesas com imprevistos
Que mais parecem raios
Emitidos por trovões medonhos
Que surgem do impacto
De opiniões opostas,
De palavras
Que não desejávamos pronunciar.
Mas, mesmo assim,
No meio de tais turbilhões
De palavras e actos,
Temos a impressão que vivemos,
Quando ,na realidade,
Apenas sobrevivemos.
Passámo pela vida,
Que podia ter sido bela,
Mas que afinal
Nós demos cabo dela.
E, só após ter terminado
Esta vida, atribulada, mal vivida,
Nos é concedido o previlégio
De sonhar, sonhar
Como podia ter sido
E não foi.
E então no meio dos sonhos
Vivemos o que não vivemos,
Amamos o que não amámos.
Sentimos o gosto da felicidade
Que, por culpa mútua, não construímos.
Abraçamos quem nunca nos abraçou,
Saboreamos os beijos que não demos,
Viajamos por verdadeiros paraísos,
Rimos daquilo que outrora
Nos fez chorar.
Abençoados sonhos
Que nos fazem felizes
Embora por fugidios momentos!
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2008-06-09
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Adélia Barros
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