sexta-feira, 30 de junho de 2023

P'ra ti Pequenu

 Que saudades,Pequenu,

Eu sinto no coração!

Quem me levou foste tu

Pegando na minha mão


Em Setembro,numa tarde,

Ao atelier do Bessa

Para que eu iniciasse

Um passatempo,promessa!


Quando olho para as telas

Que adornam a minha casa

Vejo-te a ti não a elas

E a saudade me arrasa.


É pequenino teu nome

Grande o teu coração

Uma bondade enorme

Viveste até à exaustão!


Não te podia esquecer

Neste livro de memórias

A alegria de viver

Tantas tardes de paródias!

30/06/2023

Adélia Barros





sexta-feira, 16 de junho de 2023

AM EI-TE

Amei-te na Primavera ao sol-posto

Debaixo das cerejeiras em flor

A hortelã beijava o nosso rosto

Abençoando o nosso amor.


Amei-te no Verão, aproveitando

A sombra das tílias em flor

Que as abelhas iam procurando

Com avidez igual ao nosso amor.


Amei-te no Outono no tapete

De folhas secas caídas no chão

Enquanto desatavas meu corpete,

Sem compasso, batia o coração.


Amei-te no Inverno,meu querido

Agora no calor do nosso leito

Ao som do aparelho envelhecido

Com música que nos enchia o peito


Foi assim nas quatro estações

Amei-te sempre com profundo amor

Estavam unidos nossos corações

Não importava frio ou calor.


16/06/2023

Adélia Barros

 

sábado, 10 de junho de 2023

EU SOU O MAR...

Olhando o mar,
Sentindo o odor da maresia,
Ouvindo o marulhar das águas,
Seguindo o movimento de vaivém
Das ondas que preguiçosamente
Se espalham na praia e rapidamente voltam
Ao seio do mar
Que não deixa as suas águas
Repousarem nem por um segundo

Medito e comparo...
Sou como o mar
Com perfume de alecrim e rosmaninho 
E não de maresia

O turbilhão dos meus pensamentos
Provoca um marulhar
Que só eu consigo ouvir

As ondas do meu coração
Umas vezes céleres ,outras preguiçosas,
Apenas são sentidas só por mim,
Porque me recuso a partilhá-las

E esta inquieta luta
Para esconder dos outros 
O que me faz sofrer.
Mas que todos crêem tranquilo
Sem ondas sem marés,sem correntes
Águas tranquilas
Com cataratas de surda explosão...

10/06/2023

Adélia Barros


OUTONO

Ai como é bom sair nas tardes calmas
Sobre o tapete tão aveludado
Tecido de retalhos coloridos
Vermelhos ou tijolo acastanhado

Sentir esse ranger das folhas secas
Caídas uma a uma ou de rajada,
Se o vento resolve sacudir
A árvore que fica depenada

Triste,nua e tão envergonhada
Dos olhares curiosos dos passantes
Que dizem impiedosos:Ainda há pouco
Vos vi tão orgulhosas,verdejantes?

E agora,despidas e tristonhas
Como ave sem querer perdeu a pena
Por que deixais cair tão belas roupas
E vos prestais a tão penosa cena?

Não vedes,impiedosos passageiros
Que ninguém dá valor á alegria
Se antes não sofrer,chorar, sentir
Que depois duma noite vemo dia!

10/06/2023

Adélia Barros

MEU MESÃO FRIO

Num dia de tristeza e grande nostalgia
Bateu no pequeno ,mas grande coração
Uma vontade de cantar em pobres versos
Este meu berço,minha terra ,meu Mesão.

Este Mesão a que chamamos Mesão frio
Porquê? Por gelar no Inverno a nossa mão!
Mas esqueceram o calor e o pulsar
Que cada um de nós tem no seu coração

Essa mão tão fria,gelada pela neve
Que muitas vezes, como flores, cai no chão
Está sempre pronta a ajudar a quem precisa
Porque cada um que passa, é seu irmão.

Tem o Marão tão altaneiro e majestoso
Que parece dizer:Ninguém toque esta gente
Que trabalha duramente ,dia a dia,
Mas que possui um coração que tanto sente.

Aos pés,humilde e preguiçoso passa o Douro
Banhando sem parar o solo abençoado
Que produz o néctar dos deuses que consola
Quem teve a dita de algum dia o ter provado

Os filhos desta Terra sabem muito bem
Que sempre vigilante a Serra diz ao rio:
Cuida:Ninguém ouse pisar tão boa gente
Nem destruir o nosso querido Mesão Frio!...


10/06/2023

Adélia Barros


RECORDANDO,OLHANDO O RIO

 As tuas águas sempre tão serenas

Onduladas levemente p'lo vento

Tranquilam e aquietam minha alma

E fazem divagar meu pensamento.


Recordo as manhãs em que acordava

Com o cantar das aves chilreando

Tomando a primeira refeição

Ou então nos beirais sobrevoando.


Nas tatdes quentes com o sol a pino

Hora da sesta de todos os mortais

Parecia que até a própria fonte

Não tinha  forças para correr mas.


Quando chegava a hora em que o Sol

Se deitava com calma no seu leito

Beijava de fugida a dona Lua

Que guardava sua luz em seu peito.


Repousando no quarto pequenino

Cheirando a jasmim e rosmaninho

Dormia embalada pelo vento

Que balançava as follas de mansinho.


10/06/2023 

Adélia Barros


AS DÁLIAS DA MINHA MÃE

No quintal da minha casa
No jardim da minha Mãe
Crescem os cravos e rosas
E muitas dálias também

Eram as dálias mais lindas
Que alguém jamais tinha olhado
Eram de todas as cores
E tamanho variado

De singelas a compostas
De brancas a matizadas. 
São flores das ilusões
Sensíveis e delicadas.

Nas suas dálias exóticas
Minha Mãe tinha vaidade.
Cuidava com tanto amor
Da sua sensibilidade!

Não deixava que tocassem
Nas suas dálias tão belas
Nã confiava nem queria
Que ninguém cuidasse delas.

Não me esqueço do desvelo
E amor de minha Mãe
Dispensado às suas dálias
Que ela tratava tão bem.

10/06/2023
Adélia Barros

NATUREZA É SEMPRE MÚSICA

É sempre uma orquestra a Natureza

Que toca melodiosas canções.

Não sei dizer quando me agradam mais

São diferentes conforme as estações!


Na Primavera, as plantas brotando

Verde folhagem, coloridas flores

Onde alegres, as aves chilreando,

Vão construir seus ninhos ,seus amores.


No Verão, sinto a música tão forte

Que sai do verde e dos maduros frutos

Lembram tambores rufando alegremente

Nas romarias animados grupos.


No calmo Outono, música é suave

Como  o cair das folhas e das chuvas.

Cantam nas  vinhas os vindimadores

Roubando às vides suas belas uvas.


E no Inverno, o som dos estalidos

Da lenha que crepita nas lareiras

Aquecendo corações empedernidos

Por tantas e tão enormes canseiras.


Tudo isto é melodiosa música

Sentida por quem ama a Natureza

E não esquece que em qualquer altura

Dela brota amor,vida e beleza.


10/06/2023

Adélia Barros

 

quarta-feira, 7 de junho de 2023

Pinhões de Natal

 Logo pela manhã muito cedinho

Pr'a Povoação a trupe lá marchava

Cada um levando o seu saquinho

Para trazer as pinhas que apanhava.


Esperava-os uma enorme foguueira

Pr'a abrir as pinhas,tirar os pinhões

Usados logo à noite na lareira

Nos jogos que alegram os serões.


Rapa,tira,deixa,põe,é entretem

Com o pião que roda até parar.

Joga o neto,o filho,pai e mãe.


Com mãos fechadas lançam as questões

Par ou pernão,tu vais adivinhar

Ou perdes para mim os teus pinhões?


07/06/2023

Adélia Barros

terça-feira, 6 de junho de 2023

ACRÓSTICO

Vigilante e sempre atenta

Inteligente e sagaz

Risonha e muito simpática

Gere bem tudo o que faz

Investe no seu talento

Não desiste facilmente

Ímpar na sua alegria

Ama todos igualmente.


5 /06/2023

Adélia Barros

sexta-feira, 2 de junho de 2023

FORNADA DO PÂO

Toda a semana chega o moleiro

Trazer farinha e levar o grão

É esperado com muito anseio

Porque é tempo de cozer o pão.


Começava-se então o ritual

Farinha o sal a água e o fermento

Amassados com jeito especial

Enquanto o forno aquecia lento


Primeiro eram cozidas as bolinhas

Com tiras de presunto ou sardinhas

Que se comiam com o caldo verde


A broa ia p'ro forno já bem quente

Em volta da fogueira toda a gente

Com um bom vinho ia matando a sede


2/06/2023

Adélia Barros