segunda-feira, 28 de abril de 2008

RAIO DE LUAR


No meio de lençóis macios
Dormia tranquilalamente!
Um raiozinho de luar
Atravessou a vidraça,
Passou pelo fino cortinado
E veio beijar os meus cabelos.
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Ao contacto da doce carícia,
Acordei...
Na semiobscuridade do meu quarto,
Meus olhos cintilaram
Como diamantes
Habilmente lapidados.
Meus lábios entreabriram-se
Como pétalas de rosa sorrindo.
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Sempre gostara da Lua
E sempre desejara
Segurá-la entre as minhas mãos.
Agora tinha ao meu alcance
Um raiozinho dessa Lua,
Misteriosa, padroeira dos amantes.
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Quis agarrá-lo com as duas mãos,
Puxá-lo devagarinho
Até que a Lua descesse lá do céu
E caísse inteirinha
Sobre a minha cama.
Mas, quanto mais eu puxava,
Mais o raiozinho se escoava
Por entre os meus finos dedos.
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Já era muito tarde...
Talvez meia-noite.
Sentei-me aos pés da cama,
Olhei para o céu.
Meus olhos piscaram,
Ofuscados pela luz rutilante da Lua.
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Adormeci de novo e sonhei...
Sonhei que tinha entre as mãos
A Lua feiticeira,
Tão brilhante que me impedia
De fitá-la.
Mas abraçava-a com tanta força,
Temendo que me escapasse
Por entre os dedos.
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Ao acordar pela manhã,
Nem Lua, nem fio de luar...
Tudo tinha escapado
Por entre os dedos
Como gotas de água
Que eu tentava agarrar
Com avidez.
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2008-04-28
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Adélia Barros

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