sexta-feira, 29 de agosto de 2008

SOB A LUZ DO LUAR TU VINHAS...





Sob a luz do luar,
Que entrava pela janela,
Todas as noites
Tu vinhas, sem vestes.
Seduzias-me,
Amavas-me
E, como testemunhas,
O céu, a lua, as estrelas
E a brisa fresca.
Por anos, tive essse cenário
Com aplausos da aragem
E o luar a contemplar os nossos corpos,
Em êxtase completo.
Mas hoje,
Adveio a noite escura.
Com saudades tuas
Fui-te procurar,
Mas não havia céu,
Nem lua,
Nem estrelas.
Tudo se havia perdido.
Apenas havia brisa.
Então dancei
Para te chamar,
Para te esperar.
Mas o milagre não aconteceu.
Tu não vieste,
E no céu,nem estrelas,nem lua,
Nem luar...
......
2008-08-29
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Adélia Barros

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

PROFUNDA AUSÊNCIA






Deixei morrer em mim o desejo de amar
Desde que os teus olhos, ora doces, ora amargos,
Fugiram dos meus tão sedentos de carinhos,
Fingindo ignorar o peso dos estragos
......
E da mágoa tão profunda que invadia
Minha alma triste,pela tua indiferença.
Mesmo assim uma esperança e uma luz de vida
Me faziam inda sentir tua presença.
......
Continuava a não querer acreditar
Que tua face jamais minha tocaria,
Que teus dedos não mais os meus enlaçariam
E o calor do teu corpo não mais sentiria.
......
Pensando na essência do teu abandono,
Agora tão só na noite longa e triste,
Já não sinto tua face, teus dedos, teu calor
E pergunto qual a razão por que fugiste.
......
2008-08-28
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Adélia barros

terça-feira, 26 de agosto de 2008

BAÚ DE RECORDAÇÕES...



Devagar fui subindo aqueles degraus
Que me conduziam ao velho sótão
Onde, sob teias de aranha e pó,
Vi o baú de couro há muito órfão.
......
Passaram tantos anos sem vontade
De subir e rever aquele lugar
Onde, escondidos, estavam os meus sonhos
Que lembravam meus tempos de amar.
......
Contemplei, absorta, o meu tesouro,
Hesitei muito, antes de o abrir.
Depois de limpar o pó e as teias,
Sentei e dei comigo a sorrir.
......
Serena e sem pressa fui abrindo
A tampa que rangia enferrujada.
Lá estavam todas as recordações
Duma vida tão longa e mal amada.
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Então eu relembrei o meu passado
Num misto de amargura e de saudade,
Experimentando tantos sentimentos,
Raiva, dor e até felicidade.
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2008-08-27
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Adélia Barros

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

CHEGOU E SOBROU...


Aquele Inverno estava a ser mais rigoroso do que qualquer outro que eu guardava na memória. A tarde chegava ao fim e a noite surgia mais fria que nunca. A fogueira crepitava na lareira no meio dos potes de três pernas onde a minha mãe cozinhava a ceia: uma boa sopa e o conduto. Não tardou que alguém batesse à porta. O Zé Maria foi espreitar: -é o Sr. Alfredo “o amolador”
-Entre, sente-se e aqueça-se. Não tarda a ceia.
E à volta da fogueira a sopa e o conduto chegaram para todos e ainda sobrou…
Benditas sejam a ceia e a fogueira!...

ILUSÕES PERDIDAS SÃO FLORES CAÍDAS...


Eram tantas as flores de cores variadas, tão belas, de aromas e frescura invejáveis.
Procurei no meio delas a mais rara em beleza e harmonia. Todas tinham lágrimas matinais doiradas pelos primeiros raios de Sol. Foi difícil a escolha, porque todas eram belas. A madrugara brindara-as com tanto viço e graça.
Reportei-me à minha juventude, cheia de ilusões belas, aromáticas, doiradas como elas.
Assim como as minhas ilusões foram efémeras, porque o tempo, cruelmente, as foi matando, também a frescura e beleza destas flores serão crestadas, sem compaixão, pelo rubro Sol.
Como as minhas ilusões perdidas, serão as flores caídas!...
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2008-08-21
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Adélia Barros

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

É QUANDO...


É quando o dia termina
E a noite surge soturna
Que a varanda desgostosa
Se lamenta taciturna
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De não ter por companhia
Aquele que tanto gostava
De mirar enternecido,
Ao longe, o mar que adorava.
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É quando o sol se levanta
Ao surgir um novo dia
Que meu quarto sente a falta
Dessa tua companhia.
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É quando passam os dias
Cheios de melancolia
Que a palavra solidão
Tira a esperança a um novo dia.
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É quando palavras vãs
Surgem como cataratas,
Que cerro os olhos e penso
Como elas são insensatas!
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Porquê agora Senhor,
Que ele não está junto de mim,
Esta tristeza me invade
E me lamento assim?
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2008-08-20
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Adélia Barros

terça-feira, 19 de agosto de 2008

MAR REVOLTO



Ao longe avisto o revoltoso mar
Que ostenta suas ondas alterosas
Que se desfazem em espuma branca,
Lembrando chuva de pétalas de rosas.
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Como eu invejo o mar extravasando
Sua raiva, delírios e furor,
Enquanto eu, cá dentro do meu peito,
Reprimo o coração cheio de amor,
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Deste amor que vive de saudade
Que dói e adormece os sentimentos.
E fico a olhar, sem ver, o mar profundo,
Sentindo-me feliz só por momentos.
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Meu coração não pára de bater
Cada vez com mais força, qual tambor,
Tentando recordar-me que a saudade
Será sempre a melhor prova de amor.
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2008-08-19
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Adélia Barros