quarta-feira, 31 de outubro de 2007
TARDE de VERÃO
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
CANTAR OS REIS
HOMENAGEM À TIA ASSUNÇÃO-"TITI"
ESTAS SÃO AS TUAS TULIPAS,QUERIDA TITI
Neste dia em
que Deus te chamou ,não podia esquecer aquele jardim maravilhoso que todos os anos ,com os teus cuidados, enchias de lindíssimas tulipas de cores variadas.
E também não podia deixar de recordar os ramos dessas belas flores que em cada Primavera me presenteavas.
Tantas coisas agradáveis que passámos juntas e que perdurarão para sempre na minha memória e sobretudo no meu coração.
Certamente que Deus precisa de ti lá no Céu para dares uma ajudinha no jardim.Esmera-te na tua plantação e faz crescer nos Jardins Celestiais as mais belas tulipas que jamais ninguém viu e apreciou.
Descansa em paz ,minha Tia, junto de quem te foi muito querido.
Eterna saudade da tua sobrinha que te amou muito e sempre te recordará com carinho.
22 de Outubro de 2007
Adélia Baarros
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
A MATANÇA DO PORCO
Logo pela manhã,que grande azáfama reinava na minha casa!...
As empregadas colocavam ao lume os maiores potes de três pernas que havia na cozinha.Enchiam-nos de água, acendiam a lareira e esperavam que ela fervesse.
Na eira ,os homens que iam proceder à matança do porco,preparavam o banco onde o animal iria ser amarrado para o sacrifício.
Com tamanho burburinho que se fazia ouvir por toda a casa, não pude deixar de acordar.
Mal isso aconteceu, levantei-me ligeira, porque não queria perder pitada daquele ritual que se repetia todos os anos por altura do Natal.Esta época era escolhida, porque o frio que se fazia sentir, ajudava a conservar a carne fresca durante mais tempo.Corri para assistir aos preparativos.
Chegou então a hora de trazer o porco da pocilga para a eira.O animal ,que parecia adivinhar a sorte que o esperava, deu trabalho a agarrar. Depois de conseguirem trazê-lo até junto do banco,com muito esforço o deitavam e amarravam com cordas. Com estas andanças o bicho berrava que metia dó.
Quando estava tudo preparado para o sacrifício fugi para longe e tapei os ouvidos ,porque aqueles gritos lancinantes perturbavam-me.Achava que tudo aquilo era muito cruel, embora o meu pai me tivesse explicado que era uma crueldade necessária.Necessária, pois os porcos tinham de ser abatidos para que a sua carne fosse consumida pela família durante todo o ano. E ainda me fez compreender que estes animais tinham sido criados para esse fim e não havia outro processo para lhes tirar a vida.
Quando cessaram aqueles gritos aflitivos ,aproximei-me do campo de operações para presenciar os passos seguintes.
O sangue foi recolhido num grande alguidar onde coagolou.Foi levado para a cozinha onde iria ser cozido em potes de ferro.Daí a pouco surgiu uma empregada com uma enorme travessa cheia de bocados de sangue cozido e temperados com alho ,azeite e salsa picadinha.Como era bom esse petisco!
O pessoal da matança interrompeu os trabalhos para petiscar e beber uma pinguita de belo maduro tinto.
A tarefa que se seguiu foi a queima do pêlo do porco feita com paveias de carqueja a arder.Quando o pêlo estava todo queimado ,lavaram muito bem todo o animal e levaram-no para a despensa onde foi pendurado num chambaril que pendia duma trave do tecto.
Convém explicar que o chambaril era um pau grosso e forte , aguçado nas pontas ,para ser enfiado nos jarretes do porco quando se pendurava para se abrir e desmanchar.
Depois desta feita, procedeu-se à desmancha que consistia em esquartejar o animal e separar as várias peças de carne conforme o seu aproveitamento.
Parte da carne era salgada em grandes caixas de madeira, denominadas "salgadeiras".Outras partes eram destinadas aos enchidos e aos presuntos.Ainda havia aquela carne com que a minha Mãe fazia os saborosos rojões.Parte deles era comida fresca e outra parte guardada em potes de barro e coberta de pingue, isto é ,gordura do porco que foi derretida previamente.
EStes rojões eram comidos durante o ano acompanhados com umas batatinhas alouradas neste pingue.
Com o sangue a minha Mãe fazia uma iguaria que levava pão desfeito ,açúcar e mel. Era o "Sarrabulho".
Enquanto a minha mãe separava as carnes ,ia enchendo uns pratinhos com bocados de carne que eu e o meu irmão mais novo levávamos a cada uma das famílias vizinhas .Era uma tarefa que nos dava imenso prazer e disputávamos o maior número de casas que cada um conseguia visitar.
Não posso esquecer a satisfação que sentia ao ver o brilho daqueles olhos que fitavam os meus e me diziam:"ai menina ,que rica refeição vamos fazer no próximo domingo!Como eu gostava de ter um miminho para lhe dar !Diga à Mamã que muito obrigada e que Deus lhe dê em dobro o que ela precisar ."
Mas há um gesto que eu nunca esquecerei:"meu Avô paterno queria que fossemos os dois , meu irmão e eu ,a entregar-lhe o prato que a minha Mãe enchia generosamente daquela carne que ela achava ser mais tenrinha .É que o meu Avô já tinha muita idade e ,por conseguinte, os dentes fracos. E então o meu Avô brindava-nos com umas maçãs madurinhas e muito gostosas que ele conservava num friso de madeira junto do tecto e a toda a volta da sala.
Como ainda hoje me parece estar a saborear aqueles frutos deliciosos que ele guardava para nós com tanto carinho!
Hoje, pensando na forma bárbara de matar aqueles pobres animais, concluo que ninguém o fazia por barbaridade,mas sim ,porque ignoravam qualquer outro processo.
Costumes e modos de sobrevivência.
1 de Outubro de 2007
Adélia Barros
POESIA DEDICADA À TERESINHA
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
" A FESTA DO LAMEIRINHO "
sábado, 6 de outubro de 2007
" A FORNADA DA BROA "
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
"OS GASALHOS "
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
" OS PINHÕES DE NATAL "
Dezembro chegara.O Inverno aproximava-se.Os frios gelados,próprios desta época,instalaram-se definitavamente.
Na lareira da nossa casa,logo pela manhã,se acendia uma grande fogueira que só se apagava depois de todos se deitarem.À volta dessa fogueira e à luz do candeeiro a petróleo ou de velas ou então da candeia de azeite, eu preparava os meus trabalhos da escola, enquanto a minha Mãe ,ajudada pelas empregadas, cozinhava a ceia nos tradicionais potes de ferro de três pernas.
Como aquelas refeições eram deliciosas comidas ao calor da lareira!Tinham um sabor característico e tão diferente que ainda hoje me recordo desse paladar!
Os dias iam passando e o Natal aproximava-se.Tínhamos de pensar no Presépio.As figurinhas de barro,embrulhadas em jornal, repousavam numa caixa de cartão, desde o ano anterior.Era preciso musgo que tínhamos de ir arrancar das paredes húmidas com a ajuda duma faca velha.Carregávamos também algumas pedras para fingir os montes. Um espelho no meio do musgo imitava um lago onde colocávamos uns patinhos de vidro.Uns galhos de árvores eram espetados no musgo e ladeavam os caminhos de areia que conduziam os Pastorinhos e os Reis Magos até ao Presépio de palha em que dormia o Menino velado por Sua Mãe e S. José.
No alto da cabaninha que
abrigava o Presépio, brilhava uma estrela que guiava os pastores e os Reis Magos.
Durante muitos anos da minha infância e adolescência, o Pai Natal não conseguiu encontrar os caminhos da minha aldeia e da maioria das aldeias do nosso País.Por essa razão nem eu, nem muitas e muitas crianças encontrávamos algum presente debaixo da chaminé, na manhã do Dia de Natal.Apenas alguns figos secos e pouco mais.
Mas nem por isso deixávamos de festejar com alegria essa quadra.Havia jogos simples,simples como nós crianças,que nos entretinham nessa noite.Era o jogo do Rapa e o Par e Pernão.
Para executarmos esses jogos eram necessários os pinhões.Começava então a faina da colheita das pinhas.
No pinhal da " Povoação",entre os pinheiros bravos,existiam dois pinheiros mansos.Eram as pinhas dessas árvores que se distinguiam das outras,porque eram mais baixas, de copa mais larga e redonda e caruma mais fina,que tinham de ser colhidas.
O Zé Maria levava um saco e ,acompanhado da comitiva miúda, lá ia colher as pinhas.
Quando chegávamos a casa, colocávamos no lume da lareira as pinhas que vinham muito fechadas e impregnadas de resina.
À volta da fogueira esperávamos ansiosos que o lume queimasse a resina e fizesse abrir as pinhas que ficavam com o aspecto duma flor aberta donde saíam os pinhões.Vinham cheios dum pó castanho escuro de tal modo aderente que só com água a ferver conseguiamos lavá-los. Depois de bem lavados,eram secos num pano grosso e áspero, esfregando com força para retirar alguns resíduos.E estava pronto o precioso material para os célebres jogos da Noite de Natal.
"Rapa,Tira Deixa e Põe" e " Par e Pernão",eram as palavras proferidas toda a noite até o sono ser mais forte que a vontade de jogar.
Hoje os pinhões já vêm descascados e prontos a comer. Creio que poucas crianças ainda joguem o "Rapa " e o "Par e Pernão".
Esses singelos jogos foram substituídos por complicados brinquedos que o Pai Natal distribui por quase todas as casas.
Mas acho que as crianças doutrora não eram menos felizes que as de hoje!...
5de outubro de 2007
Adélia Barros