terça-feira, 2 de outubro de 2007

A FILHA DESEJADA


Só tinha um filho,
Filho de muito amor
E muito desejado.
Era todo o meu enlevo
O meu precioso tesouro.
Mas meu coração
Tinha tanto amor,
Tanto carinho para dar!
Minhas entranhas
Reclamavam a toda a hora
Pelo menos mais um filho.
E porque não uma filhinha?
Era o pedido constante
Do mano solitário:
Mamã, eu queria uma maninha...
Todavia, era preciso
Que ambas as partes
Estivessem de acordo.
Isso não acontecia.
Ao fim de alguns anos
De tanta insistência
E de tantos argumentos,
Não consegui consenso.
Então servi-me daquele subterfúgio
Que todas as senhoras podem usar.
Era dia vinte e um de Março,
Começo da Primavera.
Toda a Natureza
Brotava com exuberância.
Eu ,tal como a Natureza,
Estava no auge
Da minha fertilidade.
-Já passou o período fértil?
-Já não há perigo de acontecer.
Mas eu tinha a certeza
De que uma coisa boa iria suceder...
E aconteceu...
Foi uma luta de alguns dias
Quando a certeza se instalou.
O tempo tudo remedeia
E os ânimos foram acalmando.
E no dia dez de Dezembro
Logo pela manhã
Senti que era chegada a hora.
Estava um frio de enregelar
E a chuva não parava de cair.
Depois de almoço ,
O Papá,ansioso, foi buscar a Vóvó
E de seguida dirigiu-se à Régua
Onde residia a parteira
Que não tardou em chegar.
Para descer da estrada
Até à nossa casa ,a D. Sofia,
Era este o nome daquela senhora,
Que iria ajudar a trazer
À nossa Família
Este elemento tão desejado,teve de calçar socos.
E pelas vinte horas e quarenta e cinco minutos
Nasceu o fruto de tanta insistência.
E talvez para premiar
O meu enorme desejo
Foi a "maninha" que veio ao Mundo
Para deleite e júbilo do "mano solitário".
Como era linda !
Seus olhinhos muito vivos
Olhando tudo à sua volta.
Os cabelinhos escuros e ondulados
Que a parteira penteou com
Um carrapitinho no cimo da cabecinha.
Vestida de rosa com o enxoval
Que eu tinha confeccionado
Com tanta ternura e amor,
Foi-me colocada ao colo.
Apertei-a contra o peito
E entreguei-a a Deus.
Pedi-LHE que a protegesse
E nunca ma levasse antes de mim.
A alegria foi unânime:
Do mano ,dos papás e dos avós.
Como voltaria a repetir
Aquela "mentirinha" piedosa...
2 de Outubro de 2007
Adélia Barros

2 comentários:

Anónimo disse...

Mentirinhas dessas não o são não
Nasceu uma menina linda que eu já conheci adulta senão ficava o filho mais mimado como filho único e não teria uma irmã lindona a acho que carinhosa. Bjs para todos

Tere

Anónimo disse...

Eu sei que a minha amiga
Está hoje sensibilizada
Beijinhos e abraços
Da amiga tarantada, Rssss
Rimouuuuuuuuu