Quando eram pequeninos
Os filhos do meu amor,
Quando sentiam
Que o seu pequeno mundo
Lhes escorregava das mãos,
A sua protecção e a sua segurança
Vinham sempre através
Desta palavra mágica:
Mãe!
Nunca quis pensar
Ou nunca quis perceber
Por que razão o meu nome
Vinha sempre em primeiro lugar.
Hoje ,com o passar dos anos,
Descobri qual o motivo.
A minha figura
E a minha voz,simultaneamente ,
Grave e meiga,
Tinham o condão de os tranquilizar.
Com firmeza e imenso afecto
Vigiava seus passos,
Orientava suas atitudes
E sabia que comigo
Eles achavam tudo simples e transparente.
Foi assim na sua meninice,
Sua adolescência e juventude.
Os anos foram passando
E tudo parece diferente.
Mas eu sinto, e preciso acreditar,
Que ainda hoje
Sentem vontade
De gritar pelo meu nome:
Mãe!
Que não duvidam
Da minha presença constante
E crêem que nunca partirei.
Não duvido que às vezes
Por vergonha
Ou orgulho de gente adulta,
Não confessem seus desejos íntimos
De chamar bem alto:
Mãe,
Preciso de ti
Do teu colo,do teu abraço,
Do teu carinho,do teu amor.
E agora, olhando
Os meus cabelos brancos,
O meu rosto marcado pelas rugas,
As minhas mãos,
Estas mãos que tantas vezes
Os apertaram contra o peito,
Afagaram seus cabelos,
Agarraram seus rostinhos
Para neles depositar milhões de beijos,
Começam a deformar-se
E a doer de vez em quando.
Mas meu coração,
Esse não embranquece,
Não enruga,não deforma.
Mantém-se sempre
Cheio de amor,
Compreensivo e pronto a perdoar.
Eu não sou Deus, meus filhos,
Tenho minhas falhas,
Mas não sinto vergonha,
Porque é muito fácil,
Compreendermos tudo:
A mentira,a realidade e o sonho.
Isto permite-me viver,
Fazer da minha vulnerabilidade
Uma força
Que não me deixa desperdiçar a vida.
Não me contento com despojos,
Reivindico o que é meu por direito:
Ser feliz!
....
Adélia Barros
....23 de Janeiro de 2008
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